Esporte e educação: A história do Professor Artenes Aguiar

Professor Artenes Aguiar
Professor Artenes Aguiar

Artenes Barbosa Aguiar nasceu em Fortaleza, no Ceará, no dia 01 de março de 1977. Filho dos nordestinos Agemiro Ferreira Aguiar e Jucilene Dias Barbosa.

Passou sua infância em Santarém, no Pará, e lá  cultivou o amor pelo futebol através de seu pai, Seu Agemiro, que era torcedor ferrenho do São Raimundo Esporte Clube (Pará), time tradicional de Santarém. Agemiro levava Artenes para acompanhar os jogos no estádio local e daí surgiu o fascínio pelo futebol.

Artenes admite que embora seja apaixonado pelo futebol, nunca foi tão habilidoso. Em suas palavras, ele não jogava lá essas coisas. Foi nessa época que ele também escolheu seu time do coração, o Botafogo.

Seu pai, Agemiro, morava e trabalhava como feirante na conhecida como ‘Feira do Bagaço’, na cidade de Parintins, interior do Amazonas. Em 1999, Seu Agemiro chamou Artenes para trabalhar na feira ao lado dele.

Assim, Artenes veio morar em Parintins com 22 anos de idade e passou a trabalhar na feira junto com seu pai, e posteriormente em seu próprio box, o ‘Box Vitória’.

Em 2006, Artenes passou em um concurso público para agente de portaria e passou a trabalhar em escolas.

Conseguiu dividir uma rotina entre trabalhar nas escolas e no seu box, para trazer o sustento de sua família. Artenes é casado com Franciane Vilar de Aguiar e é pai de Arthur Viana Aguiar.

O chamado

Artenes começou a trabalhar no Colégio Nossa Senhora do Carmo depois de passar em um concurso público para agente de portaria no ano de 2006.

Em 2007, escutou alguns alunos participantes dos jogos escolares conversando sobre a derrota que sofreram de goleada na competição.

Artenes perguntou aos alunos o que havia acontecido e eles contaram que perderam para o GM.

O quadro de professores era bem estreito para cobrir tantas modalidades diferentes, isso dificultava o desempenho da equipe, e assim, um dos alunos sugeriu a ideia de Artenes ajudar a treinar o time.

Artenes concordou desde que houvesse o autorização da direção e o acompanhamento de um professor de educação física.

“Eu disse a eles que se comunicassem a coordenação e eles deixassem, eu aceitaria com muito prazer. Alguns dias depois a própria pedagoga, Dorinilce, perguntou se eu conhecia táticas de futebol e as regras para treinar o time. Respondi que conhecia bastante por acompanhar futebol na rádio e na TV ”.

Nessa época as partidas ocorriam no campo da Associação de Clube de Campo e no campo da Rádio Alvorada. A primeira equipe de Artenes foi formada por alunos do 5° ano.

Inclusão e motivação

Artenes percebeu que muitos alunos que queriam participar das competições ficavam tristes por não conseguirem entrar em nenhuma modalidade.

“Percebi que muitos ficavam de fora. Era só dois professores de educação física para muitas modalidades, e muitos deles ficavam tristes ali só acompanhando. Por isso me envolvi mais. Poxa, um pouco de lembrança para eles também, na minha infância eu não participava dessas coisas, e aí acabei me envolvendo por causa disso”.

A iniciativa principal era a inclusão. Artenes pediu aos professores de educação física para que mandassem os alunos que não passassem nas seletivas de outras modalidades para o time de futebol.

Artenes não gostava de fazer seletiva, pois eram poucas vagas para muitos alunos.

“O principal era a questão da inclusão. Eu enxergava a alegria no semblante do olhar deles e da família e achava muito legal. Eu particularmente me via um pouco naquela animação e me divertia um pouco também. Pode perguntar para todos que participaram na equipe, todos jogavam e se divertiram”.

A presença da família

Na primeira vez que Artenes participou como voluntário com sua equipe, percebeu o contato incrível e apoio da família. O lema do time era ‘se divertir’, a competição existia, mas o importante era a diversão.

“Os pais ajudaram muito, a presença da família era muito importante, era só alegria, a ideia era se divertir. Tudo bem que existia a competição, mas o principal era a diversão.”

No ano seguinte, em 2008, a escola disponibilizou bolas e local para treino, no Silvio Mioto, para os alunos se prepararem para os Jogos Escolares, e esse foi o ano que o time chegou na final.

Os professores de educação física se empenharam bastante, Professora Aldenora, Professor Rai Melo, Professor Nildo e o voluntário Artenes.

A convivência fez a diferença

Em 2009, Artenes deu seus primeiros passos para seguir a carreira de professor de geografia, começando o curso de lincenciatura em geografia na Universidade do Estado do Amazonas (UEA).

Artenes admite com orgulho que seu trabalho como agente de portaria na escola e como voluntário no time de futebol o fez tomar a decisão de retornar seus estudos e iniciar o ensino superior.

Agora formado, Professor Artenes é grato e salienta a importância dos estudos na vida das pessoas.

“Converso muito com meus alunos sobre essa questão dos estudos, para eles aproveitarem essa oportunidade de estudar. Lembro que meus pais não tiveram essa oportunidade de estudar por conta do difícil acesso a educação. Eu sou muito grato por depois de anos ter concluído uma faculdade”.

Formatura do Professor Artenes Aguiar
Formatura do Professor Artenes Aguiar

As equipes do time de futebol

Artenes esteve presente em diversas equipes distintas ao longo dos anos como voluntário na comissão técnica do time de futebol do Colégio Nossa Senhora do Carmo.

Nesse meio tempo, o agora Professor Artenes se formou em geografia em 2013 e prestou concurso público. E a ironia do destino é que a escola que ele passou para atuar foi o próprio Colégio Nossa Senhora do Carmo.

Como professor, Artenes prezava pelas notas boas nas matérias para participar dos Jogos Escolares de Parintins. Ele tinha até uma frase que passava para suas equipes: “Posso ser ruim de bola, mas sou bom na escola!”.

Aqui estão os registros de algumas equipes do Professor Artenes Aguiar:

O trabalho

Professor Artenes Aguiar ressalta que é muito feliz e deseja ser professor por muitos anos.

“Eu sou muito feliz na escola que trabalho. Os desafios são diários. Espero passar bastante tempo trabalhando e ajudando. E seja o que Deus quiser”.

Nesse meio tempo entre o trabalho como professor e como voluntário no time de futebol, o Professor Artenes teve muitos colegas que ajudaram bastante ao longo dos anos, como o professor Ivo, que se voluntariou para ajudar na comissão técnica de futebol. O professor Márcio Sicsu, que é responsável pela equipe de vôlei. O professor Zinho, que cuida da equipe de futsal e vários outros que foram importantes nessa jornada que continua.

Professor Artenes sempre estará a disposição para o time e o esporte. Mesmo com o tempo corrido, ele está fechado com o time para representar a escola.

“Tenho bastante compromissos por conta do trabalho de professor, mas eu estou no time, sempre podem contar comigo!”.

Gratidão

O Professor Artenes é grato à coordenação do Colégio Nossa Senhora do Carmo pelo voto de confiança para participar junto de outros professores e alunos nos Jogos Escolares.

“Eu sou muito grato pela oportunidade da escola. A escola deu um voto de confiança para um simples agente de portaria para somar com os professores e os alunos representando os Jogos Escolares. A escola me deu esse espaço e foi importante para esse início. Às vezes as pessoas querem ajudar e não tem essa oportunidade, então eu agradeço, pois foram momentos muito felizes.”

“A reflexão que deixo para os jovens é que eles encontrem nos esportes e nos estudos algo bom para seguir em sua vida, e assim conseguir um futuro melhor, longe de violência e coisas ruins. Esporte é saúde, esporte é alegria, esporte é família.”

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Uma resposta

  1. Um professor extraordinário e uma pessoa magnífica, sinceramente o meu favorito.
    É com imensa felicidade que tenho inúmeras recordações com este grande querido.

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